Consciência feminina, um movimento, uma revolução!

Menina, moça e mulher: quantas escalas, escaladas e desafios enfrentamos em cada fase da nossa vida? Quantos padrões e crenças nos são apresentados como missão e obrigação? Quantos sacrifícios no discurso de honra e dever fizemos cumprir? O mundo cá fora tem tantas regras, tanta gente e afazeres que quase não encontramos tempo para fazer uma visita silenciosa, cá, dentro de nós. O discurso romântico e nada prático da maternidade, as jornadas intermináveis do dia a dia, a ditadura do corpo, da beleza e da moda...

O que te dizer e te entregar neste desafio de nascer e ou se perceber mulher?

Que essas poucas perguntas e esse mínimo recorte exemplificativo da realidade não seja um gatilho de dor e mais culpa, mas que nos permitam exercitar inquietações e nos reencontrarmos, achando o sentido da nossa vida e sobretudo reconhecendo ferramentas que nos permitam seguir alinhando emoções e decisões.

Pensamento, sentimento e atitude, o tripé para consciência de si mesma; parar, questionar, permitir-nos mergulhar e perceber o que temos pensado, sentido e realizado, vai nos colocando e retirando do convívio com algumas pessoas, mudança de lugares, atitudes e sentimentos, seja porque não nos cabe mais, seja por ali estarmos e podermos ser inteiras.  Que não de precisemos tantas definições e conceitos alheios para nos definirmos; que o mundo nos aceite como somos; e, se não for possível nos aceitar, somente nos respeite como somos, pelas escolhas que fazemos de ser que somos, sem falsetes, já é o suficiente e bastante para num mundo que precisa ser coerente no qual possamos ESTAR e SER MULHERES! Em especial, neste mês da mulher, QUE possamos iniciar o hábito de refletir sobre o sentido da vida, da nossa vida, dos papéis assumidos, do autocuidado, e que o autoamor seja o mais delicado e precioso presente que podemos nos entregar, não só em março, mas em todos os dias daqui pra frente.

E que nós, que geramos a vida e entregamos para o mundo os sujeitos de direitos paridos de nós, não tenhamos mais dificuldades de viver, na prática, o direito na garantia da nossa própria vida e da nossa dignidade.

Que tenhamos acolhimento de políticas públicas, que ofereçam instrumentos, serviços e oportunidades especializadas, úteis e necessárias para a transformação, cura e mudança de realidade. Mas sobretudo que os nossos irmãos, filhos, parceiros, amigos, pais e todo ser humano possa se ver e perceber no respeito e magnitude da existência de si e do outro.

São tantos desejos vestidos de esperança! São tantas vitórias que deixam a mudança como legado! E tudo isso é, e sempre será, o princípio, porque muito há para se fazer, a cada dia, todo santo dia.

Ah, menina, olhando assim, tantas vitórias e conquistas, tantas lutas... e ainda tanto para ver acontecer... E essa força de agradecer, seguir e transformar? Segue, moça! A magia de acreditar no futuro, a energia de se reerguer. E a mulher que guarda dentro de si a menina e a moça que um dia foi, sabe da força que tem, respeita com amor seus momentos de reflexão, vive seus lutos e segue rumo ao infinito.

Que assim seja, sempre, desde os pequenos detalhes, até às máximas revoluções!

 

Maristela Vieira Silva

Advogada e professora de Direito

da Universidade do Estado da Bahia

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